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As contradições do deputado federal Marcelo Nilo – Maurílio Fontes

A natureza dos políticos é camaleônica. Não há novidades nesta assertiva, tão conhecida por todos nós. Exigir coerência daqueles que exercem cargos públicos eletivos é coisa para ingênuos.

Deputado estadual por sete mandatos, o engenheiro Marcelo Nilo, que comandou a Assembleia Legislativa da Bahia durante um decênio, pode ser considerado uma raposa felpuda da política baiana e teve dias de glória a partir de 2007 quando ascendeu ao posto máximo do parlamento baiano.

Debutante na Câmara dos Deputados, mesmo tendo coordenado a bancada baiana, Nilo não recuperou o prestígio de outrora e passou a ser um dentre os 39 parlamentares com assento na “câmara baixa”. Não é pouca coisa, mas para ele não basta.

Praticamente rompido com o grupo situacionista que comanda a máquina estadual desde 2007, Nilo optou pelo enfrentamento verbal e afirmou que o senador Jaques Wagner e o governador Rui Costa são uma fraude. E que governam com antigos carlistas.

Nilo sempre considerou que a dupla petista é uma fraude?

Ou mudou de opinião por, supostamente, não ter ascendido a postos que julgava merecedor?

Crítico do alinhamento de Wagner e do governador com antigos carlistas, Nilo está prestes a perfilar-se à pré-candidatura de ACM Neto, o mais legítimo legatário de ACM, forjado eleitoralmente a partir dos desejos do “cabeça branca”, que trabalhou para a eleição consagradora em 2002 daquele que considerava capaz de dar continuidade à sua obra, sob outros moldes, é verdade, em razão dos novos tempos.

No lançamento da pré-campanha de ACM Neto a presença imagética do avô marcou a ligação entre passado e presente, como se o jovem carlista pudesse incorporar características de seu ancestral, afirmando, explicitamente, a importância da “presença” do ex-governador na disputa que travará com o PT e aliados.

ACM Neto é carlista raiz, obviamente sob um manto de modernidade que os novos tempos impõem, mas sua origem política evidencia escolhas e modos de operar a máquina pública.

Aparentemente, a mistura de antigos carlistas com os petistas Jaques Wagner e Rui Costa, demarcada por Marcelo Nilo, tem um peso negativo maior do que sua possível aliança eleitoral com ACM Neto.

Nilo pretende “descarlitizar” ACM Neto? Ou conviverá tranquilamente com os carlistas de Neto?

Carlistas petistas não servem, mas carlistas netistas são os futuros aliados que Marcelo Nilo deseja como neo-companheiros.

Nilo terá trabalho para justificar suas contradições e convencer os netistas que pode ser mais um dentre eles.

Prestes a completar 67 anos, Marcelo Nilo faz a aposta mais arriscada de sua longa carreira política.

Vitória ou ocaso são as duas variáveis com as quais Nilo conviverá até o dia 2 de outubro.

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