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MDB deixa Neto e Geraldo Jr. aguarda as horas para ser anunciado vice de Jerônimo por Lula

Depois de ver a Câmara Municipal de Salvador lhe outorgar, em votação ontem à tarde, um novo mandato como presidente da Casa com início previsto para janeiro de 2023, portanto, um ano depois de concluir o atual, o vereador Geraldo Jr. (MDB), o primeiro chefe do Legislativo municipal reeleito desde que o procedimento foi extinto em todos as Casas Legislativas do país, aguarda apenas as horas para ser anunciado como vice na chapa do candidato a governador do PT, Jerônimo Rodrigues.

O anúncio deve ser feito pelo ex-presidente Lula na festa que o PT programa para esta quinta-feira (31) em Salvador com o objetivo de apresentar ao eleitorado a chapa governista. O nome do presidente da Câmara Municipal foi indicado pelo seu partido, o MDB, que deixará, ao mesmo tempo, a base do candidato a governador ACM Neto (DEM), principal adversário do petismo na Bahia, e do prefeito Bruno Reis (DEM), um dos maiores articuladores da candidatura do democrata.

Geraldo foi escolhido depois que o MDB constatou que era insuperável a resistência em aceitar a indicação para vice do prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hage, que supriria uma histórica deficiência eleitoral do PT na região sudoeste do Estado. Mas a escolha do presidente da Câmara foi trabalhada diretamente pelo senador Jaques Wagner, um dos articuladores do nome de Jerônimo, como forma, em sua avaliação, de abrir um flanco na base de Neto e de Bruno.

Wagner não só ligou pessoalmente para cada um dos vereadores da oposição durante o dia de ontem pedindo apoio para reeleger Geraldo presidente como fez questão de lhes agradecer, também por telefone, depois que os votos em favor da reeleição foram computados. O vereador conseguiu apoio para a votação de ontem junto à cúpula do PT usando um argumento simples: o de que, se a chapa de Jerônimo perder, ele já está com seu mandato de presidente para o biênio 2023/2025 assegurado.

Assim, impediria que um empoderado Neto, já eleito governador, inviabilizasse seus planos de permanecer com o controle do Legislativo municipal, como revanche pela ‘traição’.

Para isso, argumentou que estaria abrindo mão de sua candidatura à Câmara dos Deputados, criando, inclusive, um problema para a eleição de deputados federais pelo partido na Bahia, compromisso assumido pela família Vieira Lima para manter o controle da legenda no Estado. A escolha de Geraldo é vista com um “plus a mais” no contragolpe que o petismo acredita que está dando em Neto com a cooptação do MDB, depois da adesão ao democrata do vice-governador João Leão e do seu partido, o PP.

Como presidente da Câmara, o emedebista não fazia parte da cúpula do poder municipal apenas sob o ponto de vista institucional, mas circulava entre Neto e Bruno com relativa intimidade, compartilhava de decisões estratégicas do grupo e era bastante ouvido. A ascensão ao primeiro plano da cena municipal, como chefe do Legislativo, sucedeu à ocupação de cargos de secretário na gestão de Neto, onde passou a conhecer melhor a cidade e a máquina da Prefeitura.

Estes seriam elementos, na visão de Wagner, muito úteis para que Geraldo Jr. possa criar problemas para a campanha do democrata no município, inclusive utilizando sua condição de presidente da Câmara, já que não precisará renunciar ao cargo para concorrer como vice de Jerônimo.

Mas o espaço de destaque junto aos atuais donos do poder em Salvador foi conquistado pelo emedebista depois do importante papel que desempenhou na articulação que resultou na desistência do ex-secretário de Turismo Guilherme Bellintani de concorrer à Prefeitura de Salvador em 2020, o que transformou Bruno no único candidato da centro-direita à sucessão de Neto, embora já naquele período tivesse demonstrado autonomia e ambição suficientes para poder transformar-se, em qualquer momento, num adversário perigoso.

Estão muito vivos ainda na memória de alguns aliados do prefeito o movimento que, na época, ele criou na Câmara, sob a orientação do ex-deputado Lúcio Vieira Lima, chamado de ‘bloquinho’, que reunia quatro partidos com assento na Casa e tentou viabilizar abertamente sua candidatura à Prefeitura, inicialmente, no grupo governista contra a de Bruno.

O nome não se viabilizou mas a movimentação deu oportunidade a que se aproximasse, na época, do senador Jaques Wagner e do governador Rui Costa (PT), discutindo, inclusive, como alternativa, sua escolha para vice da então candidata petista Major Denice Santiago, uma articulação que, entretanto, não foi à frente.

Colocar o presidente da Câmara Municipal de Salvador na vaga de vice de Jerônimo é apenas uma das respostas que o MDB baiano dá, neste momento, a Neto sob a alegação de que nunca foi devidamente valorizado pelo candidato democrata na Prefeitura nem muito menos nas negociações que empreendeu para apoiar seu projeto eleitoral ao governo.

Um pacote fornido de secretarias e órgãos estaduais, daqueles que “furam poço”, emolduram o acordo que o partido formalizou com o governo para participar, com ‘sangue no olho’, da campanha petista de Jerônimo contra o democrata.

Fonte: Política Livre

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