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Inflação e juros em alta devem diminuir as vendas do Dia das Mães

Apesar da retomada das atividades do comércio em razão do arrefecimento da pandemia, inflação de dois dígitos, juros em alta e queda da renda do trabalho devem provocar retração nas vendas do Dia das Mães deste ano, a principal data para o varejo do primeiro semestre. A expectativa é de que a data movimente R$ 14,22 bilhões, uma cifra 1,8% menor comparada ao volume de vendas de 2021, já descontada a inflação do período, segundo projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Levantamento feito pela entidade desde 2013 mostra que, pela primeira vez neste ano, nenhum dos 26 produtos e serviços que compõem a cesta de itens mais consumidos na data teve queda de preços nos últimos 12 meses até maio. Esse é um sinal de que a inflação está muito espalhada entre os diversos setores da economia.

A cesta de produtos e serviços consumidos no Dia das Mães deste ano está 10,6% mais cara em relação ao ano passado e registra a maior alta desde que o estudo foi iniciado em 2013.

Os preços de roupas, perfumes e chocolates, geralmente, os presentes mais procurados pelos filhos, subiram 12%, 14,4% e 10,2%, respectivamente, nos últimos 12 meses até maio. O levantamento considerou a variação de preços acumulada no período pelo IIPCA-15 do IBGE, a prévia da inflação oficial e projetou o resultado da inflação esperada para maio.

A alta da Selic para conter a inflação tem desdobramentos sobre o custo do crédito ao consumidor na ponta. Ela pressiona os juros na vida real, encarece a prestação dos financiamentos e inibe as compras. Entre maio do ano passado e abril deste ano, a taxa média de juros das principais operações de crédito saltou de 5,88% ao mês (ou 98,5% ao ano) para 6,57% ao mês (ou 145,9% ao ano), segundo pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Além disso, a queda no rendimento real da poupulação, que encolheu mais de 6% entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período de 2021, piora o quadro.  “Houve uma evidente deterioração das condições de consumo, caracterizada por queda na renda real, aumento de juros e do nível geral de preços”, afirma Bentes. Ele ressalta que, se em anos anteriores, a pandemia explicava o desempenho das vendas, desta vez fatores macroeconômicos são responsáveis pelo resultado, uma vez o fluxo de consumidores nas lojas está praticamente reagularizado. 

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