Assassinatos, agressões e ameaças com motivação política se acumulam nas eleições deste ano desde o período pré-campanha.
Em julho, um policial bolsonarista invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros um eleitor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Foz do Iguaçu, no Paraná. O caso mais recente é desta quinta-feira (29), quando o carro e a casa da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ana Cristina Valle (PP), foram vandalizados.
Os presidenciáveis são os dois primeiros colocados em diferentes pesquisas eleitorais. A polarização levou a Polícia Federal a reforçar o esquema de segurança de candidatos à Presidência.
CARRO E CASA DE EX DE BOLSONARO SÃO VANDALIZADOS
No dia 29 de setembro, o carro de Ana Cristina Valle (PP-DF), ex-mulher de Bolsonaro, foi depredado, e sua casa, pichada com a frase “Morte ao Bolsonaro”. A mansão da candidata a deputada distrital é alvo de um pedido de abertura de inquérito da Polícia Federal à Justiça Federal.
COMITÊ DE COORDENADOR DE HADDAD EM SP SOFRE ATAQUE
Agressor: bolsonarista
Vítima: eleitora do PT
Um comitê de campanha do deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), coordenador da campanha de Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo, foi alvo de um ataque em 27 de setembro.
Segundo o parlamentar, que é candidato à reeleição, um homem que se identificou como apoiador Bolsonaro invadiu o espaço, disse que acabaria com o PT, destruiu materiais de campanha e agrediu a única apoiadora que estava no comitê localizado no município de Osasco (SP). O agressor fugiu do local.
ASSASSINATO APÓS DISCUSSÃO POLÍTICA
Agressor: crítico de Lula
Vítima: eleitor de Lula
Edmilson Freire da Silva, 59, foi preso no dia 26 de setembro no Ceará sob suspeita de matar Antônio Carlos Silva de Lima, 39, depois de uma discussão política em um bar em Cascavel, a 65 km de Fortaleza. No mesmo dia, ele negou motivação política no crime.
Silva estava foragido desde sábado (24). O homem, conforme relatado por testemunhas à polícia e ao UOL, chegou ao bar e iniciou a discussão questionando outros presentes sobre “quem é eleitor do Lula”, caso de Antônio Carlos.
MILITANTES DO PSOL AGRIDEM ADOLESCENTE DO MBL
Agressor: integrantes do PSOL
Vítima: adolescente do MBL
Um ato pela candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Câmara dos Deputados na Avenida Paulista, em São Paulo, terminou em agressão no dia 25 de setembro. Segundo Boulos, militantes do MBL usaram um menor de idade para provocar os militantes de seu partido.
Um vídeo feito por integrantes do MBL mostra o rapaz filmando o próprio rosto e perguntando a Boulos por que ele “defende ditaduras como a de Cuba”. Já um outro vídeo enviado pelo grupo mostra um empurra-empurra e pessoas agredindo o mesmo jovem.
Após a confusão, policiais militares tentaram prender o candidato, que negou ir a delegacia por não haver um boletim de ocorrência.
DEPUTADO PETISTA RELATA TIROS CONTRA CARRO DE SOM
Agressor: policial militar
Vítima: deputado do PT
Em uma série de postagens nas redes sociais, o deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) afirmou ter sido vítima de um atentando no dia 25 de setembro, enquanto fazia campanha pela reeleição em Montes Claros, norte de Minas Gerais.
Segundo o boletim de ocorrência, o autor dos disparos é o policial militar Dhiego Souto de Jesus, que foi preso nesta segunda-feira (26).
Dois dias antes, um homem havia dado tiros para o alto, ameaçado e hostilizado cabos-eleitorais petistas que faziam campanha na cidade.
HOMEM MATA APOIADOR DE BOLSONARO A FACADAS
Agressor: simpatizante do PT
Vítima: bolsonarista
Em 24 de setembro, um homem de 58 anos simpatizante do PT, segundo a polícia, matou a facadas Hildor Henker, 34, em um bar de Rio do Sul, em Santa Catarina. A Polícia Civil investiga se o crime teve motivação política ou foi uma briga familiar. A vítima usava uma camiseta com menção a Bolsonaro no momento do crime.
JOVEM É AGREDIDA COM PAULADA NA CABEÇA
Agressor: bolsonarista
Vítima: jovem de 19 anos
Em setembro, Estefane Laudano, 19, foi agredida com uma paulada na cabeça depois que sua irmã fez críticas ao bolsonarismo em um bar em Angra dos Reis (RJ), no litoral sul do Rio de Janeiro.
O agressor, cujo nome não foi divulgado, foi autuado por lesão corporal e liberado. Estefane levou pontos no local e teve alta do hospital no mesmo dia.
Ela conta que, depois do expediente, estava com amigos em um bar conversando sobre política quando foi abordada por um homem que dizia ser bolsonarista. O homem teria começado a insultar o grupo e sido expulso do bar. Estefane diz que ele voltou, então, com um pedaço de madeira para agredir sua irmã. Ao tentar apartar, foi atingida.
BOLSONARISTA É PRESO EM MT APÓS MATAR APOIADOR DE LULA
Agressor: bolsonarista
Vítima: lulista
No início de setembro, o bolsonarista Rafael de Oliveira, 24, confessou, segundo a polícia, ter matado a facadas o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, 44. O crime teria acontecido, segundo depoimento do agressor, após uma discussão política em que a vítima defendeu Lula.
O assassinato ocorreu na zona rural de Confresa, município de 32 mil habitantes do Mato Grosso.
Na decisão de prisão preventiva, o magistrado responsável afirma que há “prova da materialidade e indícios suficientes” da autoria do crime.
FIEL BALEADO POR POLICIAL EM IGREJA
Agressor: bolsonarista
Vítima: fiel da Congregação Cristã no Brasil
Em agosto, Davi Augusto de Souza, 40, foi baleado nas pernas pelo policial militar Vitor da Silva Lopes, 37, dentro de uma igreja em Goiânia. Dias antes, Daniel Augusto, irmão da vítima, e Djalma Pereira Faustino, pastor da igreja e amigo do PM, tiveram desavenças políticas. O motivo foi uma circular da igreja que desaconselhava o voto em candidatos ou partidos contrários “aos valores e princípios cristãos”.
No momento do disparo, o agressor usava uma camiseta com menção a Bolsonaro, diz a Polícia Civil. Davi foi atingido por um projétil que atravessou suas duas pernas e passou por uma cirurgia de seis horas para reconstruí-las.
CAMINHADA INTERROMPIDA NO RIO DE JANEIRO
Agressor: deputado do PTB
Vítima: apoiadores de Marcelo Freixo (PSOL)
Em julho, uma caminhada com Marcelo Freixo (PSB) terminou em empurrões e xingamentos. O ato acontecia na Praça Saens Peña, zona norte do Rio.
Apoiadores do candidato ao governo do estado afirmaram que o deputado estadual bolsonarista Rodrigo Amorim (PTB), acompanhado de homens armados, encurralaram os presentes e fizeram ameaças. O suposto agressor é conhecido por ter quebrado, durante uma manifestação, uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, morta em 2018.
Amorim diz que não houve violência física no episódio. O parlamentar argumentou que estava na praça porque o local era ponto de partida para um evento do PTB, também na zona norte do Rio.
MILITANTE PETISTA ASSASSINADO
Agressor: bolsonarista
Vítima: petista
No início de julho, o policial bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho invadiu uma festa de aniversário e matou a tiros o guarda municipal e militante petista Marcelo Aloizio de Arruda, 50, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Arruda era tesoureiro do PT na cidade e foi candidato a vice-prefeito em 2020.
Segundo os relatos à polícia, Guaranho passou de carro em frente ao salão de festas proferindo xingamentos. Ele saiu após uma rápida discussão e disse que retornaria. As testemunhas dizem que Arruda, então, foi ao seu carro e pegou uma arma.
Guaranho de fato retornou, invadiu o salão de festas e atirou na vítima. O petista, já ferido no chão, também baleou o bolsonarista, que ficou internado e sobreviveu. Uma câmera de segurança registrou o crime.
BOMBA CASEIRA EM ATO DE LULA
Agressor: Homem que se diz contra polarização
Vítima: lulistas
Em julho, um ato com apoiadores de Lula na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro foi alvo de uma bomba caseira, aparentemente feita de garrafa PET. O artefato explosivo foi lançado do lado de fora da área isolada em frente ao palanque, antes da chegada do ex-presidente.
O suspeito do crime era André Stefano Dimitriu Alves de Brito, 55, que disse em audiência de custódia ser pescador.
André afirmou à polícia que não tem preferência política e que jogou a bomba em protesto à polarização ideológica que, segundo ele, prejudica o futuro do país.
ATAQUE A JUIZ QUE PRENDEU EX-MINISTRO
Agressor: não identificado
Vítima: juiz que mandou prender ex-ministro de Bolsonaro
No início de julho, o carro do juiz federal Renato Borelli foi atingido por fezes de animais, ovos e terra, enquanto ele ia ao trabalho. Mesmo com a visibilidade prejudicada, Borelli conseguiu seguir até um local seguro e não se feriu.
Borelli foi o responsável por autorizar a Operação Acesso Pago da Polícia Federal, que prendeu Milton Ribeiro por suspeitas de corrupção no Ministério da Educação. Logo após a prisão, Borelli já havia recebido ameaças de bolsonaristas.
PALESTRA IMPEDIDA POR PROTESTO DA ESQUERDA
Agressor: manifestantes de esquerda
Vítima: candidatos do Partido Novo
No final de junho, três integrantes do Partido Novo foram impedidos de dar uma palestra por manifestantes de esquerda na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Entre os alvos estava o vereador paulistano Fernando Holiday. Eles disseram que foram agredidos.
O grupo falaria em um evento sobre cotas e financiamento organizado pela UJL (União Juventude e Liberdade), entidade estudantil liberal.
Sob o som de tambores e dos dizeres “recua, fascista, recua, a Unicamp nunca vai ser sua”, estudantes ligados à UJC (União da Juventude Comunista) protestaram contra a presença dos palestrantes, que disseram ter sido agredidos.
ATAQUE COM DRONE A ATO DE LULA
Agressor: bolsonarista
Vítima: lulistas
Em junho, apoiadores de Lula foram atingidos por fezes lançadas por um drone que sobrevoou a região de um evento com o petista em Uberlândia (MG). O agropecuarista Rodrigo Luiz Parreira, 38, é apontado como um dos autores do ataque. Ele foi preso no início de julho a pedido do MPF (Ministério Público Federal), que investiga o caso.
A prisão ocorreu não diretamente devido ao uso do drone, mas pela aquisição irregular de armas de fogo
INVASÃO DE BOLSONARISTAS A ATO DE LULA
Agressor: bolsonaristas
Vítima: lulistas
Em junho, bolsonaristas invadiram o ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da chapa de Lula, em São Paulo.
O manifestante era Caíque Mafra, candidato a deputado estadual em São Paulo pelo Republicanos. Ele entrou no salão do evento, em um hotel nos Jardins, e chamou o ex-presidente de corrupto. O petista não respondeu.
O bolsonarista também gritou em direção a Alckmin. O grupo de manifestantes era formado por outros dois críticos do petista. Eles foram encaminhados para a delegacia.
CARRO DE LULA CERCADO POR BOLSONARISTAS
Agressor: bolsonaristas
Vítima: lulistas
Em maio, um carro em que estava Lula foi cercado por bolsonaristas na cidade de Campinas, interior de São Paulo.
Usando camisetas da seleção brasileira de futebol e segurando bandeiras do Brasil, o grupo xingou o petista enquanto o veículo em que ele estava tentava passar.
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