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Três armas de CACs ou clubes de tiro foram roubadas ou perdidas por dia em 2022

Na esteira do aumento da quantidade de pessoas com acesso a armas nos últimos anos, o número de artefatos roubados ou perdidos de CACs (sigla pra colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) ou clubes de tiro bateu recorde em 2022, com 1.315 casos registrados. Ou seja, a cada dia, três armas regulares registradas no país são extraviadas. Os dados foram compilados pelo Exército por meio do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma) e obtidos pelo GLOBO através da Lei de Acesso à Informação (LAI).

As autoridades atribuem o aumento à maior circulação de armas. Mas outro motivo já descoberto para esse crescimento é a simulação do roubo de armas regulares, com o intuito de vendê-las ao crime organizado.

No mês passado, por exemplo, a Polícia Civil do Espírito Santo descobriu que um fuzil 5.56 apreendido em posse de uma quadrilha de traficantes em Vila Velha (ES) constava como furtado no sistema do Exército. A arma estava registrada em nome de um CAC que havia obtido o certificado em 2021 e, graças a um decreto baixado por Jair Bolsonaro no início do seu governo, conseguiu adquirir o fuzil — esse tipo de calibre era restrito até então às forças de segurança.

— Ele simulou o furto para escapar da fiscalização do Exército e da ação da polícia. Para fazer a venda sem chamar atenção. Temos outras investigações que mostram o mesmo modo de operação — disse o delegado Daniel Belchior, titular da Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme).

O CAC foi detido em março e teve a prisão temporária prorrogada neste mês. Segundo a polícia capixaba, com a ajuda de três cúmplices, ele fornecia equipamentos para traficantes de Vitória e Vila Velha. Quando foi preso, negociava a venda de um fuzil 762 e se preparava para comprar mais armamentos, de acordo com as investigações.

No mercado legal, a arma extraviada foi comprada por cerca de R$ 20 mil. Já aos traficantes, acabou repassada por R$ 70 mil, como consta no inquérito policial — um lucro de R$ 50 mil. O delegado da Desarme afirma que o fuzil ainda foi utilizado em confrontos entre facções rivais e tiroteios contra a Polícia Militar, antes de ser apreendido pelas autoridades.

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