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Presidente do Inep rebate crítica de deputados do agro a questão do Enem: ‘Resposta correta não depende de opinião’

Após críticas da bancada ruralista a questões do Enem 2023, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, afirmou nesta terça-feira que “a resposta correta (de itens do exame) não depende de opinião”.

— O que se quer é avaliar a capacidade de compreender o pensamento do outro. O que se quer é avaliar a capacidade que um estudante tem de compreender uma notícia, de comparar dois textos. Esse sim é o objetivo da questão — disse Palácios durante audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Ele completou: — A resposta correta não depende de opinião, atitude, visão de mundo. Depende da capacidade de compreender um texto.

Comandado por Palácios, o Inep é o órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame.

Em nota publicada nesta segunda-feira, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nome oficial da bancada ruralista, pediu a anulação de três questões aplicadas no primeiro dia de provas do Enem, neste domingo.

Lideranças ruralistas apontam que os itens 89, 70 e 71, que tratavam sobre agronegócio e desmatamento, têm “cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico”. “A anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira”, argumenta a frente.

Na audiência o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) acusou a banca de professores responsável pela elaboração do exame de ter um viés ideológico

— Precisamos refazer este edital para convocar novos professores, porque esses professores claramente vieram com uma missão. Uma missão de trazer uma ideologia marxista, comunista, contra a família brasileira e agronegócio

O presidente do Inep esclareceu que o edital para convocação dos professores foi realizado ainda em 2020, durante o governo Bolsonaro.

— Estamos falando de professores que foram selecionados em 2020 e estão exercendo estas atividades até hoje. Se há algum tipo de seleção enviesada, ela vem sendo enviesada há muito tempo, porque não há nada além da seleção pública de profissionais da educação por meio de critérios objetivos de currículo.

Segundo dados divulgados pelo Inep, 42 das 50 questões que integravam o caderno de Linguagens foram produzidas entre 2019 e 2021. As outras oito foram feitas entre 2012 e 2018. Na prova de Ciências Humanas, 39 dos 45 itens foram feitos em 2019 e 2021.

— Quem faz a prova é professor. Não há qualquer outra categoria profissional, tipo de ocupação ou experiência que sirva a construção de instrumentos de avaliação educacional. Sejam professores da educação básica ou superior, é essa experiência de ensino que está na base de qualquer instrumento de avaliação — defendeu o presidente do Inep

Desde esta segunda-feira, cinco pedidos de convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, foram apresentados por parlamentares da oposição do governo.

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