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Em guerra com presidente da Petrobras, ministros articulam troca de comando

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai apresentar nesta semana a Luiz Inácio Lula da Silva uma sugestão de substituto para o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com quem vem travando uma guerra interna no governo já há alguns meses.

Costa quer emplacar no lugar de Prates seu homem de confiança e secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Marcus Cavalcanti, que também já foi secretário de Infraestrutura da Bahia em sua gestão como governador do estado.

A iniciativa do ministro é mais um lance da disputa pelo controle dos rumos da Petrobras, que opõe Prates a Costa e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. O fato de Costa já estar até apresentando alternativas a Lula é um sinal de que ele acredita que Prates está politicamente fraco e pode acabar caindo em breve.

O próprio Prates já detectou a movimentação, tanto que vem procurando os conselheiros que representam os acionistas minoritários para tentar forjar uma aliança, na tentativa de resistir no cargo. Hoje o governo tem seis dos onze votos no conselho, mas três são diretamente ligados a Silveira.

No final de semana, o presidente da Petrobras chegou inclusive a convidar alguns minoritários para um jantar na próxima noite anterior à votação do plano estratégico da companhia na reunião do conselho, prometendo esclarecer questões sobre as quais esses conselheiros ainda tem dúvidas.

Prates aposta que os minoritários podem preferir apoiá-lo a aceitar que o governo nomeie um novo presidente que vá atropelá-los nas votações sem qualquer possibilidade de diálogo.

A briga entre o presidente da Petrobras e os ministros de Lula tem uma faceta pública e uma de bastidores.

Na pública, Silveira vem cobrando Prates para baixar o preço dos combustíveis para acompanhar a recente queda no valor internacional do barril de petróleo e a desvalorização do dólar.

Prates, por sua vez, respondeu no final de semana pelas redes sociais que “não faz sentido agir por impulso ou açodamento” e escreveu que se o MME quiser “orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente” , será necessário seguir tanto a Lei das Estatais e as regras do Estatuto Social da companhia.

Já nos bastidores, em reuniões internas e em discussões via mensagens e telefonemas, o foco da disputa é a proposta da diretoria para transição energética que faz parte do plano estratégico para os próximos cinco anos, que prevê aplicar mais de R$ 5 bilhões em energia eólica, em terra e em alto mar.

Tanto os aliados de Silveira quanto os minoritários se queixam de não terem detalhes do que exatamente será feito e nem dados suficientes sobre a viabilidade financeira dos investimentos – nem desses, nem de outros setores, como os planos para a área de fertilizantes, estaleiros ou a entrada de um novo sócio na petroquímica Braskem.

Os conselheiros se queixam também de não terem tido acesso aos diretores e nem ao próprio Prates para discutir o plano. De acordo com integrantes do conselho ouvidos pela equipe da coluna, alguns desses diretores disseram reservadamente que não foram autorizados a comparecer.

O clima na cúpula da petroleira está tão ruim que, em uma reunião no final de outubro, quando o conselheiro e secretário-executivo de Silveira, Efrain Cruz, defendeu a proposta do comitê de investimentos de baixar o limite de valor para os projetos de transição energética terem que ser avaliados pelo conselho, Prates reagiu mal.

Reclamou de falta de confiança, disse que não tinha que dar tantos detalhes aos conselheiros e ameaçou fazer queixa formal de Cruz ao próprio Lula.

Nesse contexto será votado na próxima quinta-feira (23) o Plano Estratégico da Petrobras para o período de 2024 a 2028. Do jeito que a coisa vai, mesmo que consiga aprovar o plano que pretende, o risco é Prates acabar não conseguindo acompanhar a sua execução.

Fonte: Malu Gaspar – O Globo

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