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Maioria dos oncologistas do Brasil são brancos e atuam na rede privada

A maioria dos oncologistas do Brasil, especialidade médica que atende pacientes com câncer, é branca, atende na rede privada e atua na região Sudeste do país. Os dados são do Censo da Oncologia Clínica do Brasil, elaborado pela Sboc (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) em parceria com o Datafolha.

O perfil causa efeito direto no atendimento de populações negras, quilombolas, indígenas e ribeirinhas, principalmente na região Norte, onde a concentração de médicos da especialidade representa 3% do total no país. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio), em 2022, pardos representavam 70,1% da população da região, enquanto pretos eram 8,3%.

Os profissionais concentrados no Sudeste são 54%, enquanto no Nordeste totalizam 18%, no Sul representam 17%, e no Centro-Oeste são 9%.

Participaram da pesquisa associados da Sboc de todas as regiões. Foram feitas 761 entrevistas online de 26 de maio a 31 de julho de 2023. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%.

O trabalho aponta 81% dos oncologistas no país são brancos (ante 16% pardos, 2% amarelos e 1% pretos) e 70% atuam de forma exclusiva ou majoritária no serviço privado. Apenas 4% trabalham somente no SUS (Sistema Único de Saúde), responsável pelo atendimento de mais de 80% da população brasileira.

Segundo Ana Amélia Viana, oncologista clínica do Hospital das Clínicas da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e membro do Comitê de Diversidade da Sboc, introduzir médicos negros no tratamento de pacientes oncológicos aumenta a “excelência do cuidado”, pois “o paciente [negro] começa a se enxergar como um igual naquela relação”.

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